quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O desenho da Clarinha



Talvez o desenho da Clarinha – a participante mais jovem do Colóquio realizado no Museu Marítimo de Ílhavo nos dias 19 e 20 de Outubro de 2007 – seja a melhor acta que algum de nós poderia fazer destas duas intensas jornadas de debate.
Ao que tudo indica, a Clara Oneto Vidigal ouviu atentamente a estimulante sugestão do Prof. Joaquim Pais de Brito que, na sua extraordinária conferência de abertura, nos sugeriu que começássemos por estudar o património marítimo pelo seu repertório mais natural – os peixes.
Na verdade, nunca a preservação dos patrimónios marítimos fará qualquer sentido se os mares não tiverem peixes. Os naturalistas de Oitocentos perceberam-no antes de ninguém.
Parece-nos ser este um bom ponto de partida para dar continuidade aos inúmeros debates com que nos fomos defrontando e a partir dos quais pretendemos alimentar, por tempo indeterminado, o crescimento de novas ideias e a sua partilha interactiva que esta plataforma espera proporcionar.
Na sequência dos objectivos definidos no âmbito do Colóquio, mantemos em aberto a discussão sobre os conceitos de patrimónios marítimos e os discursos museológicos que sobre eles são construídos e ambicionamos construir.
Mantemos igualmente a intenção de prolongar um fórum de discussão com espaço para contributos de domínio mais teórico e problematizante, oferecendo molduras conceptuais através das quais podemos continuar a dialogar sobre a prática museológica e a activação de patrimónios marítimos.

Desencadeamos o debate lançando as questões pelas quais ansiávamos obter respostas quando partimos para a ideia do Colóquio e que estiveram sempre presentes na estruturação do seu programa:



  • Que mar se representa nos museus que se intitulam marítimos? Que discursos e narrativas sobre a vida marítima presidem às activações patrimoniais que se erguem nos museus?

  • De que forma estes discursos são socialmente construídos? Serão eles vivos ou mortos? Identitários ou para-identitários? Mobilizadores de culturas marítimas participadas e promotoras de Desenvolvimento Sustentável ou meras evocações nostálgicas que se erguem para esbater a percepção de uma ideia de perda inexorável?

  • Qual o papel da investigação científica na formulação dos projectos museológicos e, em particular dos programas expositivos?

  • E de que forma pode a criação artística que aborda temas marítimos ser integrada na programação dos museus, cambiando as suas abordagens do património marítimo, muito marcadas pelos registo evocativo, historicista e serial, por um outro, mais inclusivo e criativo?

5 comentários:

Carlos Carvalho disse...

Primeiro, um beijo grande à Clarinha de quem já tenho muitas saudades. O desenho é lindo e muito expressivo.

Pena imensa tive de não poder participar no Colóquio, mas questões pessoais têm-me mantido afastado destas lides nos últimos tempos. e se calhar ainda por mais algum tempo.
Mas vou estando o mais atento possível.
Prometo voltar em breve a dedicar-me a esta área, porque é esse o meu objectivo prioritário de ocupação do tempo de reforma.

A razão do meu comentário vem em defesa do parente pobre no que toca às culturas que versam o meio aquático.
Há sempre a tendência para generalizar e fazer força no grande mar esquecendo os cursos de água, os lagos, lagoas e lagunas.
Ílhavo parece-me que deveria ser o porta estandarte desta abrangência, porque a sua vocação marítima é também fluvial, ou lagunar.

Um abraço
Carlos Carvalho

Anónimo disse...

Quando falamos de "patrimónios marítimos" incluem-se os patrimónios estuarinos e fluviais.
Creio que a principal dificuldade dos gestores do património marítimo é evitar que a sua tarefa de preservação implique a aceitação tácita de que o mar morreu. Parece-me também que a cultura maritima precisa ´de visões dinâmicas e criativas do património marítimo, abertas à sua preservação dinâmica e a um questionamento constante, para que os museus não sejam meros espaços de legitimação de poderes e de reproddução de (pseudo)elites, mas agentes do DEsenvolvimento Sustentável, como o Museu de Ílhavo tem procurado ser. Coisa rara no nosso país.

Isabel Victor disse...

Que belo porto de partidas e chegadas do conhecimento ...

Parabéns ao Alvaro Garrido e à ilustríssima equipa do Museu Marítimo de Ílhavo !

MuseoAbraço

iv

Anónimo disse...

nao dou os parabens a nimguem porque o que está nao serve de muito aquilo que falta fazer,no entanto a que dar valor aqueles que investem seu tempo em tao grande area de trabalho,em que hé o povo da nossa regiao com tradicções ligadas ao mar,há de salientar o nosso presidente Ribau Esteves ,que numca baixou as mãos a este respeito e a ele devemos mais que muito na area da conservação e manutenção e o modernismo por esta camara realizado,um bem haja a equipa RIBAU ESTEVES,Porque estes sao quem assinam os projectos e desponibilizam as referidadas verbas para a realização mais basta de tao grande area de trabalho que hé o mar.sou marinheiro.António manuel c. Vergas

Anónimo disse...

Achei muito interessante os artigos, e estou a fazer uma pesquisa sobre o museu de ílhavo, pois em aulas de programação museologica foi referido o caso de ilhavo, e de umas catas de uns colocquios, que infelizmente nao sei, e gostava de saber se têm informação acerca disso. Obrigado

http://www.museologia.moonfruit.com